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Martim Parangolá

 - O diabo eu achei que tu não ia cumprir sua promessa! Mas depois da festa de hoje não tinha como fugir Ogummmmm! Eu te falei que esse dia chegaria peste! Salve suas forças e peço a compreensão de todos, pois eu não sei falar bonito igual o diacho do caboclo não viu!? Salve as forças de meu Pai Ogum Beira-Mar, salve a forças dos Velhos e do diabo das crianças, principalmente da Menina Bianca! "Sabe de uma coisa? Eu até ensaiei palavras charmosas, mas o Velho Guiné e a Velha Cambinda disseram que ia parecer marmotagem e eu deveria ser eu mesmo, porque meus peixes e minhas sereias esperam que eu e meu mano Sete Âncoras traga a alegria. Tanto que muitos de vocês confundem isso como palhaçada e estamos longe de ser apenas bêbados engraçados. Diacho! Se vocês soubessem o quanto foi sofrido pra gente chegar aqui! Olha hoje vou contar só uma lua pequena, pois a grande demoraria muito e o Ogum ia desistir logo." "Hoje eu sou um canoeiro e na graça da Senhora das Águas Doces fiz

Maria Navalha

  - Rir hoje é meu maior desafio, pois como diz o poeta viva a beleza no sorriso branquelo, demorei para entender o que ele queria dizer e, em meio a tantas desgraças e sofrimento como sorrir? Mas eu escolhi sorrir, não de dentes abertos como vocês acham que se deve sorrir. Meu sorriso vem da alma e muitas vezes nem chega a boca e para no meu coração, isso também foi outra coisa que aprendi: que   o meu coração é algo sagrado, meu templo mais valioso e por isso que hoje não permito que nenhum sentimento que não seja necessário pise ou faça morada em meu templo sagrado. Diferente do que vocês pensam eu não sou 50% amor e o outros 50% ódio ou seja lá como vocês chamam meu trabalho, eu sou toda amor e isso não me impede de fazer o que tem que ser feito dentro da lei, eu não preciso ser só chamego para provar que sou o próprio amor de Iansã forjado no fogo e moldado no vento, prefiro ser quem sou e ter relações fortes com meus filhos ou afilhados. Diferente de vocês cheios de sorrisos, abr

Boiadeiro Severino

  −   XETRU MARROMBA XETRU!.... DAI-ME LICENÇA PARA UM CAVALEIRO, para que eu possa aqui prosear com vocês, sim, prosear porque quem conta história bonita são os espíritos de grande hierarquia, eu sou apenas um cavaleiro xucro, mas fiel a minha sorte e a minha raiz do mato e da terra e, principalmente, aos meus bichos. Deve ser por isso que esta linha me escolheu apesar de muitos de vocês ainda se perguntarem o porquê estou nessa e não em outra, eu tenho certeza de quem me escolheu e porque estou aqui e isso basta, pois vocês fantasiam muitas coisas e as vezes até me envergonho de poder ver algumas dessas fantasias, mas de real o que vocês têm? E prestem bem atenção: não estou aqui menosprezando o sonho de vocês. Mas sim as basteiradas que sou obrigado a ouvir, mas deixaremos isso para outra oportunidade, pois hoje os olhos se enchem de alegria e saudade por poder prosear dessa minha vida dura, mas vivida. Isso é outra coisa que vocês não sabem fazer, viver em época de fim do mundo, co

Maria do Jasmim

− De graça, alegria e suor vêm o som dos tambores. Buscando a paz que o corpo não cessa de pedir aos meus pés, passos de esperança buscam alternativas as dores que são minhas e de mais ninguém. Da poeira do chão brota sempre alento aos que ali ajoelham, entre gritos, chicotes e esporos, o cansaço quase desmonta o corpo e a existência. Foi assim que vivi, entre os murmúrios dos muitos que me procuravam tentando entender. Aos tantos e muitos, levei o que pude, mas a mim quase nada foi oferecido. Só muito depois, já quando as forças iam esvaindo do corpo foi que vi: o meu quinhão era mesmo secar o pranto do outro, sem derramar o que tinha em demasiado.  “Viver trazendo alento foi a maior experiencia que podia viver. Nova chance foi me dada, voltei, mas com a cor da pele mais atinada a claridade. Aos poucos, desde menina, fui nas ervas verdes de pai Oxóssi, aprendendo a transformar as dores em cura como instrumento de paz. Agora aos que procuravam, era preciso além de dar peixe ensi

Vovó Cambinda

− Fios, que alegria é estar aqui nesse dia bendito e santo, e quanto tempo esperamos por este momento em que o verbo se transforma em letra e esta velha de mão calejada e rosto sofrido pode contar um pouco de si. Eita que vocês pareciam cangos afoitos e preocupados se mais tarde teria o que comer de tanto que tagarelavam de mim! Tô reclamando não fios, acho bonito o prosear de vocês e o quanto a alegria é contagiante, tá certo que eu sinto o coração de alguns apertado, mas fios quando eu sentava no terreiro e pedia resposta à Olorum e aos Orixás, eles nunca me abandonaram. Meus telhado era as estrelas e minha proteção vinha dos raios de Iansã e nada nunca me faltou.” “Os fios devem está perguntando “como assim vó, nada faltou? A vó era escrava...”, mas fios eu tinha o que precisava, tinha as águas de Oxum que me banhava, tinha a força de Oxóssi que me fazia valorizá o que sobrava da casa grande e a sobra virava fartura, eu tinha as folhas de Ossaim que me ajudavam a curar os can

Exú Caveira

− Boa noite a todos. Como muitos aqui esperavam, não vim contar minha vivência física, vim lhes contar o quanto um espírito continua morto mesmo após ter alcançado o êxito.  “Sou como vocês chamam, Exu, há muito tempo. Conquistei muitos méritos e há alguns anos comecei a trabalhar nos terreiros e em outros campos, enfim, anteriormente minha derrota ocorreu devido a mim mesmo, vi meu orgulho e vaidade aumentarem e meu ego se tornava cada vez maior. Eu era líder de uma grande falange e fazia grandes méritos quando incorporado. Yaos e médiuns faziam tudo o que eu pedia, eu adorava exigir oferendas das mais simples as mais grandiosas. Sim, eu era cada vez mais convencido, respeitado e principalmente temido e assim comecei a brincar com a Lei Maior: não havia nada que eu não fizesse, nada que eu não resolvesse. Assim, com muito ego e vaidade, fui perdendo os meus, minha falange outrora gigantesca agora se resumia a poucos, mas mesmo assim eu continuava me achando digno de ser chamado d

"O que menos importa aqui é quem eu sou."

− Sendo realmente quem sou expresso aqui a minha satisfação em poder falarmos abertamente, sem as amarras que os ritos religiosos nos fazem ter. Muitos de vocês esperavam por este momento e uma onda de expectativas e gasto de energias desnecessários foram feitos, porém se eu decepcioná-los não peço desculpas, pois quem criou expectativas além daquilo que realmente sou que viva com elas. Pois estas não são de responsabilidade minha, afinal criar expectativas encima de outro, seja ele espírito ou não, é como tentar controlar o vento e prendê-lo em uma garrafa: mais cedo ou mais tarde, por algum motivo, ele escapará e sairá do seu controle.  “Fico admirado como vocês querem controlar tudo (e porque não dizer todos?), vocês esquecem que o tempo que está no controle e que assim como não se pode controlar o tempo, vocês não podem controlar tudo, não é mesmo? Ou pensam que antes de chegar aqui no degrau que estou hoje, tudo saiu exatamente como planejado? Haaaaa se assim fosse eu não est